tropeço em mim
na opacidade dos teus lábios
estáticos erráticos voláteis
nas nuvens dos caminhos
inextricáveis do teu corpo
massivos no teu fundamento
como trivialidades da imaginação
em cortejo fúnebre
morde-me...
"Ela estava na mesma, embora tivesse deixado aparecer fios grisalhos no cabelo, coisa em que ela se mostrava particularmente vaidosa quando eu a conhecera. Comemos na mesa oval e ela tornou a sentar-nos lado a lado, com a garrafa no meio. Não foi fácil conversar. Nunca fora, porque ou estávamos demasiado ocupadas com as nossas carícias ou tínhamos receio de que nos ouvissem. Porque é que eu imaginara que as coisas seriam diferentes, simplesmente porque o tempo tinha passado?"
Jeanette Winterson - Os Caminhos da Paixão
"Se durante tantos anos se falou de amor como se ele não tivesse um corpo, agora tende-se a falar apenas do corpo, dissociando-o dos afectos. No entanto, é com o corpo que se vive o amor - o abraço, o beijo, a carícia são expressões de afecto que se realizam no contacto de uma pele com outra pele, de um corpo com outro corpo."
Maria Emília Costa - Novos Encontros de Amor
“(...) Estou desesperada! Compreeende? Preciso dela. Todo o meu sangue e o meu corpo precisam dela. A minha garganta tem saudades do sabor do seu prazer, do ardor do seu sexo e dos gemidos, das suas contracções e da sua fúria. O vocabulário da sua língua e a linguagem dos seus dedos. As minhas mãos precisam de penetrá-la e desfazê-la por dentro, convertida em laguna, em rio, em açude; que seja ela o mel e eu a abelha e depois ela a flor e eu a abelha, e logo de seguida que seja ela o mel. E depois eu não sou nada porque a perdi! (...)”
Flavia Company – Dá-me prazer
"O amor intensifica o desejo de trocas corporais e de linguagem. O amor suscita o desejo dos encontros corpo a corpo com o objecto conhecido e por reconhecer, por redescobrir, pelo prazer de uma satisfação dos desejos parciais e dos desejos de linguagem, pelo prazer também duma ab-reacção das novas tensões nascidas, durante a ausência, no corpo do sujeito, ligadas e dedicadas, por ele, não só à representação do objecto, mas também à necessidade da presença corporal, conhecida, mas redescoberta, de cada vez, na linguagem. (...) O corpo a corpo, num erotismo cúmplice com o objecto, é necessário para a simbolização, a manutenção e a renovação, tanto da linguagem interior como do narcisismo do sujeito."
Françoise Dolto - No jogo do desejo
1 comentário:
Lindissímo (clap clap)!!!
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